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Ás vezes meu coração quer ficar despedaçado. Fica tentando sofrer dores que não me pertencem, que são vãs assim como vãs são suas razões.

Fico me observando de longe e tentando perceber em que ponto do caminho eu tropecei. Não dá para voltar, neste caminho apenas posso caminhar para frente, decidindo casualmente entre uma bifurcação e outra.

Mas não estou caminhando de fato, estou flutuando, meu chão sumiu. Não faço ideia de onde foi parar, apenas olho para baixo e não sei como estou me equilibrando no ar.

Ouço ecos de vozes que conheço, mas entre elas há algumas que dizem coisas tão absurdas, do tipo "caia", "se jogue"... É como se caindo eu não ultrapassasse o chão... mas, eu não tenho chão.

Tudo que tenho é uma colcha de dores, que trazem amargor à boca e embrulho ao estômago. Outras das vozes me mandam continuar andando... mas não tenho chão, como vou andar?

Fazia tempo que não me sentia assim tão perdida, sem forças, sem rumo.

Além de tudo, estou cega, ou melhor, enxergo turvamente. Nada é claro, nada faz sentido, apenas dói.

Minhas lágrimas se esconderam por trás das incertezas e estão confusas quanto ao cair ou não. Será que existe gravidade suficiente, ou será que assim como eu elas planarão numa estrada sem chão?

Há uma luz adiante, espero que seja a saída. Alguém pode me ajudar?

Shalom Adonai